Reflexão

O querer saber o que os outros pensam e sentem faz parte da inquietude de pessoas não satisfeitas com o status quo.

O sentar só no banco do jardim permite que a imaginação percorra caminhos de sombras e luzes.

O ficar estático, aparentemente de olhar vazio e cansado, faz com que recordações sejam revividas e meditadas.

No caldeirão dos sentimentos, nos pensares do que nos envolve, somos surpreendidos tanto para o bem como para o mal. Ao nosso redor há toda uma vivência cheia de contraditórios – a água que não chega e a água da piscina ao alcance dos olhos que refresca corpos sarados; a terra batida ao redor das diminutas e sombrias construções e o asfalto reluzente ao lado; as latas e ripas que servem de marco divisório e os muros delimitadores dos senhores; as ressecadas plantas e as flores que transcendem e se exibem; as crianças descalças com seus arcos de ferro e as outras com seus heróis plastificados; a mesa de uns e a dos outros; o descanso na calçada e o do shopping; o olhar de uns e o dos outros; o carcomido da pele de uns e a sedosidade da dos outros; a tristeza espelhada no semblante de uns e a alegria do ser e viver dos outros.

E, de repente, num vislumbre incontrolável e orgulhoso, sem comparações, de pé, olhar vivo, mente em estado catatônico, surge o firmamento de pontos luminosos, belos, ímpares e que a todos pertence e a todos é permitido considerar como seu.

Em algum lugar, há lugares onde a existência de todas estas reflexões é passível. Em algum lugar, há pessoas que estão e vivem num e no outro lado. Em algum lugar, há solidariedade, mas há que haver mais atitude.